sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Consumo, tv digital e cinema foram temas abordados



O auditório lotado de estudantes, pesquisadores e professores marcou o final das apresentações do segundo dia da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã. A pesquisa Da ostentação ao hiperconsumo: o cidadão em busca da felicidade, apresentada pela mestranda Suelen Brandes, da Umesp/SP, tratou da construção do que hoje se pode chamar de “consumidor consciente”. Brandes se baseou em teóricos como Canclini, Baudrillard e Lipovertsky para entender o processo de evolução do consumo. Segundo a mestranda, três etapas histórico-sociais podem ser identificadas na trajetória do consumo: a sociedade de consumo de massa; a sociedade da abundância; e a sociedade do hiperconsumo. Para ela, hoje as pessoas compram objetos para a melhoria de vida, e a pluralidade de produtos ofertados dá ao consumidor o poder de escolha. Em contrapartida, esse mercado torna o indivíduo dependente e frustrado. “A sociedade vive um paradoxo”, completou. Como conclusão, Brandes acredita em um ponto de equilíbrio entre a cidadania e o hiperconsumo.



Paola Madeira, mestranda da Unisinos/RS, mostrou a pesquisa Sociedade civil, digitalização e movimentos midiáticos estruturantes. Com o pedido inicial de sugestões e críticas para o engrandecimento do trabalho em construção, Paola Madeira concentrou sua pesquisa no tripé Estado, sociedade civil e mercado. Focada na questão da tv digital e em como as entidades vão se manifestar para a discussão sobre o tema, a mestranda questionou a falta de abertura na sociedade e o enfraquecimento dos debates sobre a implementação da tv digital.





Os projetos Fala Kbeça e Cineclube Kbeça foram divulgados e comentados pelo integrante do Centro de Referência da Juventude do Espírito Santo, Maxlander Gonçalves. O Cine Kbeça é um projeto de cinema popular e itinerante. Os idealizadores do projeto selecionam um filme, de preferência nacional, que é exibido para um grupo de jovens e discutido após a sessão. Os temas são os mais variados e têm em comum as questões que envolvem a juventude. “O objetivo é empregar o meio audiovisual como recurso pedagógico e busca ampliar o acesso das pessoas ao cinema”, pontuou. Já o projeto Fala Kbeça, é uma revista de assuntos diversos que dizem respeito ao universo da juventude. Ainda em construção, os produtores da revista discutem da prática jornalística à importância e implicações da comunicação em nossa sociedade.





O último trabalho apresentado no Mini-auditório I foi o da mestranda Nívea Canalli. A paranaense não pôde comparecer pessoalmente e enviou um vídeo para ser exibido na sala. A pesquisa A comunicação e o comunicador nas ONGs sociais trata da relação das organizações não-governamentais com a imprensa e as conseqüências dessas relações. Canalli ainda comenta o fato de empresas privadas patrocinarem projetos com interesse na “responsabilidade social”.




Por Ana Paula Almeida


Foto: Aline Lemos

Projeto TVEZ e Internet em foco na tarde da sexta-feira


O oitavo Grupo de Trabalho (GT8) da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã contou com a apresentação do Projeto "TVEZ" e do trabalho "Internet e juventude: usos e transformações", além de vários outros estudos relacionados à comunicação comunitária. As idéias e experiências de sete estados do país foram contempladas no Mini-auditório II do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE, na tarde desta sexta-feira, 17. Cerca de 40 pessoas compareceram ao local.


O formando em Psicologia da Univesidade Federal do Ceará (UFC), Leonardo Soares, iniciou as apresentações, mostrando o trabalho "TVEZ e Diálogos Escolares Contemporâneos". Articulada há três anos, a ação foi idealizada pelas professoras Luciana Lobo e Inês Vitorino. "O projeto, em parceria com a ONG Encine, que existe há 10 anos em Fortaleza, visa usar a educação como forma de estimular o uso crítico da mídia", explica Soares. Ao final da exposição, o estudante aproveitou para exibir parte do curta "Marco Zero", com relatos de participantes do projeto.



Orkut e MSN também foram discutidos no GT8. Apresentado por Iano Maia (FOTO), da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, no Rio Grande do Norte, o Projeto "Internet e juventude: usos e transformações" mostrou a pesquisa feita em outubro de 2007 nos municípios de Serra Negra do Norte e Lajes Pintadas. O objetivo da investigação foi compreender o impacto da internet na vida de usuários desses municípios, que passaram a ter acesso a informações de outros lugares do país e do mundo. "O que a gente pôde verificar é que a internet não modificava radicalmente as tradições do lugar, mas teve grande importância no processo de transformação dos costumes dessas pessoas", destacou Maia.



Por Adriana Barros
Foto: Aline Lemos

Mulher e mídia em discussão


Ainda na sexta-feira, 17, foram apresentados, no Mini-auditório 1, do Centro de Artes e Comunicação (CAC), os artigos científicos e relatos de experiências do sétimo Grupo de Trabalho (GT7). Participaram movimentos sociais, assessorias de imprensa e organizações não-governamentais (ongs). Uma das expositoras foi a jornalista Nataly Queiroz, do Grupo Curumim, que abordou o tema “A Realidade do aborto inseguro em Pernambuco no filtro da mídia”. A pesquisa analisa a condição das mulheres em situação de abortamento, trazendo uma visão de como a mídia pernambucana trata este fenômeno e a mulher como sujeito político, além do impacto da ilegalidade do aborto na saúde pública e nos serviços realizados nas cidades do Recife e Petrolina. A análise da pesquisa baseia-se na coleta de dados veiculados pela imprensa e na realização de entrevistas para averiguar como é feita a abordagem do assunto em Pernambuco.



Outro tema palpitante também chamou a atenção dos presentes. De forma dinâmica a integrante da ONG Loucas de Pedra Lilás, Cristina Nascimento, falou do trabalho realizado pelo grupo, desde 1989, que surgiu com a idéia de potencializar a fala pública das mulheres em Pernambuco.Com a missão de desenvolver uma agenda que possibilite a visibilidade das mulheres, as Loucas de Pedra Lilás utilizam a arte como veículo, por meio das linguagens de televisão, rádio, internet e teatro.


Os “corpos femininos” foram foco de discussão durante a apresentação da pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Sandra Raquew. Com o tema “Corpos femininos em pauta: reflexões sobre agenda setting e cidadania” ela analisou as práticas de agendamento sob a ótica do consumo de mídia e a formação de opinião pública, dando evidência à relação de gênero. De acordo com a estudiosa, a Igreja e o movimento feminista têm o mesmo espaço na mídia paraibana. No entanto, as mulheres paraibanas não se apropriaram desta discussão,segundo disse.

Por Rafael Negrão e Jonara Medeiros


Foto: Aline Lemos

Participantes visitam projetos de mídia cidadã

No último dia da IV Conferência de Mídia Cidadã, neste sábado (18), está programada visita a projetos de mídia cidadã. A concentração será às 8h no Estacionamento do CAC, na UFPE. A visita, coordenada pela professora Yvana Fechine (PPGCOM/UFPE), passará pelos projetos Coque Vive (Bairro do Coque) e Oi/Kabum / Auçuba (Recife Antigo).

O projeto Oi Kabum desenvolve a formação de jovens em linguagem multimídia com foco no mercado profissional estimulando a inclusão social e exercício da cidadania. Já o Coque Vive é um projeto de extensão em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco que busca, desde 2006, transformar as representações sociais do bairro, dentro e fora da comunidade.

De acordo com um dos coordenadores do Mídia Cidadã, o professor doutor em Comunicação, Edgard Rebouças, o encontro visa a contribuir para superar o distanciamento histórico entre o discurso científico da academia e o discurso político das experiências empíricas realizadas na área da comunicação pela sociedade civil. “A idéia é justamente mostrar a relação entre esses discursos e saberes, porque cada um tem um pouco do outro e juntos são capazes de realmente promover a transformação da realidade”, enfatizou ele, ressaltando que é a primeira vez que o Mídia Cidadã é realizado fora do Sudeste do País. “Esse aspecto é de suma importância, porque promove a capilarização da iniciativa para todo o território nacional”, destacou Rebouças.

A IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã conta com o apoio do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM), do Centro de Artes e Comunicação (CAC) e da Pó-reitoria de Extensão (Poext), da UFPE, e do Ministério Público do Estado de Pernambuco, além da parceria da Le Fil Comunicação Digital, Sinos (Organização para o Desenvolvimento da Comunicação Social), do Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), do Conselho Regional de Psicologia (CRP-PE) e da Faculdade Marista do Recife.

Formação cidadã: um dos temas em destaque


“Boa vizinhança: possibilidades de uma formação cidadã”. Esse foi o tema do último trabalho a ser apresentado no quinto Grupo de Trabalho (GT5), na manhã desta sexta-feira (17). O representante do projeto, Guilherme Moreira, falou da possibilidade de uma "formação cidadã" expressada por meio da folkcomunicação (canais preservados pelos grupos marginalizados para expressar sua resistência à cultura dominante ) e da comunicação comunitária. A idéia é estabelecer uma mediação entre os conhecimentos adquiridos em sala de aula e os grupos que não têm acesso à informação, utilizando espaços públicos, como os jornais locais, para superar os problemas dos segmentos sociais excluídos. E, desta maneira, ampliar o exercício da cidadania e fazer valer o interesse público. Se o acesso à informação e à comunicação é um direito do cidadão, essa aparente confusão talvez expresse o desafio do local, cada vez mais ser produzido a partir da comunidade. Para isso é preciso, antes de tudo, garantir aos vários atores o seu direito de comunicar”, pontuou Moreira.


Após a apresentação de Moreira, teve início a rodada de discussão sobre todos os trabalhos apresentados no GT5. Cicilia Peruzzo, da Cátedra Unesco/Umesp, abriu o colóquio falando do papel da universidade, o que foi e o que ela é hoje, destacando a importância do espaço acadêmico para uma formação cidadã. Yvana Fechine, ressaltou a repercussão do que está sendo feito hoje dentro da academia. “Vou citar a palestra do Jonh Downing , em que ele fala que os cursos de comunicação correm o risco de alimentarem um certo cinismo. Enquanto algumas disciplinas mostram a realidade nua e crua, outras ensinam a fazer tudo exatamente igual. O que nós precisamos fazer é estimular novas práticas comunicacionais”, afirmou Fechine. “Temos que lutar por políticas públicas na comunicação, para não nadar, nadar e morrer na praia. Precisamos, sim, nadar com mais gente, mais articulados”, disse Luciana Rabelo, representante do Ventilador Cultural. ”É necessário que esses pensamentos cheguem a outros atores sociais para que se possa alterar, de fato, a realidade política e social dessas comunidades”, acrescentou Fechine.


Por Karla Vasconcelos
Foto: Aline Lemos

Jornalistas discutem a prática profissional

Levantando a discussão acerca da responsabilidade na formação de profissionais jornalistas, Andréa Cristina Santos, da Universidade do Estado da Bahia (UNEA), apresentou o projeto Agência MultiCiência, como promotora dos saberes científicas no pólo Juazeiro e Petrolina. Produzido por alunos da UNEB, em parceria com a sociedade civil, a Agência MultiCiência tem o objetivo de fomentar a cultura de jovens cientistas e promover transformações na comunidade jornalística, discente e docente. A pretensão é formar profissionais preocupados com a cidadania, a ciência e dotados de visão crítica. “Formamos alunos para ocupar os espaços da grande mídia”, lembrou Andréa Santos, que propõe transformar o profissional de comunicação em um agente verdadeiramente comprometido com a sociedade.


Movimentos de luta também foram tema de discussão. Ana Maria Straube, da Umesp/São Paulo, comentou a produção do Jornal Sem-Terra: Popular ou Comunitário? Embasada em experiência própria, Ana Straube lembrou que a luta do Movimento Sem-Terra (MST) vai além do desejo da reforma agrária. Segundo ela, o Jornal é o principal meio de informação entre a militância do MST e objetiva a unificação dos discursos. Embora com pautas sempre relacionadas à movimentação interna do MST, o periódico não é produzido em parceria com a militância. “O Jornal Sem-Terra é formulado em São Paulo e não consegue chegar em todos os espaços no quais o movimento age”, comentou. Para Straube, por ser uma ferramenta de organização interna e fonte de registro da história do MST, o jornal pode ser considerado popular, mas pode também ser comunitário pelo sentimento e elementos comuns que reforçam a proximidade dos militantes do Movimento.


Com uma abertura descontraída que envolveu os participantes da Conferência, as pernambucanas Endie Eloah, Juliana Monteiro e Mariane Menezes apresentaram a Revista Ouvintes. Desenvolvida durante a graduação, a revista eletrônica é direcionada à interação dos surdos com as pessoas sem problemas auditivos. Na elaboração da revista, preocupação com a linguagem visual e escrita. “Conseguimos estabelecer uma ponte entre o universo dos surdos e dos ouvintes”, destacou Mariane.


Por Ana Paula Almeida

Diversidade de temas no campo da comunicação




A apresentação do Jornal Voz da Comunidade, do pernambucano Aglailson José, abriu as apresentações do sexto Grupo de Trabalho (GT6), na manhã desta sexta-feira (17). Produzido e distribuído em Feira Nova, agreste de Pernambuco, o Jornal Voz da Comunidade é um espaço de diálogo e interação entre as diversas vozes que compõem a comunidade. Surgiu da iniciativa de jovens voluntários dispostos a elaborar uma maneira de fazer comunicação como objeto de transformação social, saindo dos moldes da manipulação da notícia e contribuindo com a idéia de comunicação como direito humano. A comunidade participa diretamente da produção do jornal com sugestões de pauta e críticas.


O segundo trabalho apresentado no Mini-auditório II foi "As resistências no/do livro-reportagem Rota 66: discurso jornalístico, ideológico e cidadão", por Ariane Pereira, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (PR). Ela discursou sobre os movimentos de resistência encontrados no livro Rota 66, do jornalista Caco Barcellos. Considerando o poder do discurso da objetividade jornalística e os poderes que produzem e mantêm as desigualdades sociais, Ariane Pereira identifica a posição do autor no livro. “Barcellos está do lado das pessoas que morreram injustamente, das famílias que sofreram essa perda”, pontuou. Para ela, o descontentamento do autor com a polícia e as experiências da infância influenciaram a escrita do jornalista.


Voltado à construção de uma sociedade mais preocupada com a situação ambiental, Zoraia Nunes, da Faculdade Evolutivo, do Ceará, apresentou o trabalho "Cidadania 'verde': as estratégias comunicativas de um movimento ambiental poliglota". O Movimento Pró-Revitalização Pólo de Lazer da Avenida Sargento Hermínio, encabeçado por Zoraia Nunes, já desenvolveu diversas ações voltadas à preservação do local. Segundo a cearense, o Pólo de Lazer abriga uma das últimas áreas verdes da zona oeste de Fortaleza, porém, está em processo de abandono e funciona como depósito de animais e abrigo para os moradores de rua da região. Carnaval ecológico, catalogação de árvores com ajuda de crianças de escolas públicas, mostras de cinema e a formulação de um documento com informações técnicas sobre a degradação do Pólo foram conquistas essenciais para a maior vitória do movimento. Assim, a prefeitura da cidade desistiu de construir um ginásio e começou a revitalização do espaço.


Por Ana Paula Almeida
Foto: Aline Lemos

Trabalhos de vários Estados abrem o segundo dia da Conferência




Apresentação de trabalhos de vários Estados do país, como Ceará, Minas Gerais, e Pernambuco, abriram o segundo dia da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, no quinto Grupo de Trabalho (GT5). O projeto de extensão do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco “Coque Vive”, que conta com a participação de 15 alunos da instituição e da professora Yvana Fechine, foi um dos destaques.

O Coque Vive existe há dois anos e tem atuado na formação dos jovens, na produção de conteúdos e na construção de novos espaços sociais. Uma das iniciativas, até o fim deste ano, é a inauguração da Estação Digital na comunidade - um espaço voltado para a produção e o conhecimento que vai contar com uma ilha de edição e um estúdio de música. Entre os parceiros do “Coque Vive” estão a Igreja São Francisco de Assis do Coque, o Observatório de Favelas, Auçuba Comunicação e Educação, o Mabi (Movimento Arrebentando Barreiras), a Biblioteca Popular do Coque e Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE (PPGCOM).

O tema "mídia independente" foi apresentado pelo grupo Ventilador Cultural, formado por Anderson Lucena, Irma Brown e Luciana Rabelo, que tem como objetivo estimular uma comunicação livre e educativa. O trio tem uma linguagem inovadora e já produziu vídeos, como “Mulher e mídia: uma relação desigual”, ajudou a criar a rádio livre, promoveu oficinas de fanzine, de rádio, entre outras ações. “No próximo ano, vamos desenvolver o projeto TV no Parque, no qual vamos mostrar vídeos e entrevistar as pessoas”, comenta Rabelo sobre o próximo projeto que vai ser desenvolvido em parceria com a Media Sana, artistas multimídias que trabalham com comunicação e cidadania. A cada mês, vai ser escolhido um domingo para que essa ação se realize.



Por Vanessa Beltrão
Foto: Aline Lemos

Em defesa da Mídia Radical e na busca do diálogo entre os processos de comunicação




A programação desta quinta-feira (16) foi encerrada com um debate, no auditório do CTG, sob a coordenação de Cicilia Peruzzo (Cátedra Unesco/Umesp) e participação de John Downing, professor norte-americano conhecido pelo seu vasto estudo dos movimentos contra-hegemônicos em busca de uma comunicação democrática.

Downing defende que a participação da mídia radical não se restringe à utilização dos meios como instrumentos de oposição à comunicação dominante. Esse tipo de mídia de conteúdo e forma revolucionária atua diretamente na construção e caracterização de diversas produções de conhecimento. O pesquisador descreveu os conceitos de vários autores sobre as mídias desempenham junto à sociedade: alternativas, participativas, independente, comunitárias ou do terceiro setor. Já a mídia tática ou de contra-informarção possui aspectos positivos e negativos, sempre dependendo da estratégia e do modo de atuação de cada uma.

A relação entre a mídia e educação também foi discutida por Downing, que citou os estudos do pernambucano Paulo Freire como referência mundial nesse campo. Todavia, John lamenta a distância entre os estudos acadêmicos e a produção de mídia nas universidades. Dentro da perspectiva educacional, "é preciso desenvolver a capacidade dos estudantes de discutir a construção da mídia e os processos de comunicação". As comunidades são relacionadas como grupos nos quais as pessoas constroem relações afetivas, mas, na realidade, não se pode observá-las sem identificar diferenças, diversidades e conflitos de interesse. Dessa forma, os projetos de mídia radical podem ser uma forma de organizar as comunidades e superar as diferenças, como defendeu ele.

Cicilia Peruzzo questiona o porquê do uso do termo mídias, e não de processos de comunicação. O pesquisador esclarece que compreende a produção de mídia como um processo educativo e transformador, e enfatiza a prioridade de se estabelecer uma comunicação política, atuando por dentro dos movimentos sociais. "Se a mídia independente não existisse, deveria ser inventada", ressalta Downing. Assim, qualquer pessoa pode postar seu material livremente, mesmo sem estar vinculada a alguma emissora ou empresa de comunicação.

Por Jonara Medeiros, Manoela Moreira e Thayse Freitas
Foto: Aline Lemos

Trabalhos comunitários em destaque na Conferência



Ainda na tarde da quinta-feira, três projetos comunitários foram apresentados: a TV Janela, de Fortaleza, O Coletivo Gambiarra, da comunidade Chão de Estrelas, em Olinda, e o trabalho de pesquisa universitária Exercícios do Olhar, realizado no Coque, no Recife.

A TV Janela traz uma iniciativa realizada pelos moradores do bairro do Pantanal, em Fortaleza, inicialmente para tratar de assuntos relativos à moradia. A demanda por essa produção veio da própria comunidade. Estrutura, saneamento, entre outros temas relacionados com necessidades coletivas. Há também a divulgação de projetos artísticos locais, como de “djs” e “mcs”, além da exibição de vídeos, sejam produzidos localmente ou não.



O Coletivo Gambiarra é uma instituição que, apesar de declaradamente trabalhar dentro do sistema capitalista, seu trabalho não foge da ideologia comum às instituições comunitárias. O Gambiarra não funciona como ONG, mas o fruto de seu trabalho é como se fosse de uma organização não-governamental. O Coletivo é formado por artistas de diversas áreas (músicos, grafiteiros, designers, fotógrafos, entre outros), que se uniram e batalharam pela aquisição de equipamentos audiovisuais e formaram uma instituição com fins lucrativos, voltada também para a divulgação de idéias. Há também as parcerias com outras comunidades, o que facilita a troca de informações.



O trabalho de pesquisa universitária Exercícios do Olhar é realizado por estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o apoio do Núcleo Educacional de Irmãos Francisco de Assis (Neimfa). Por meio de pesquisas realizadas dentro da comunidade, com o mapeamento de “personagens”, a relação entre a imagem propagada pela mídia e a vivenciada, e da relação de necessidades que pudessem ser enumeradas, foram se criando meios de informar a população.




De início, houve a produção de um jornal impresso, por vários colaboradores da comunidade. Depois, passou-se à realização de um curso, pelo qual os moradores se apropriaram de técnicas necessárias a uma produção comunicativa local. Havia os universitários, trabalhando como monitores, e os alunos, moradores do próprio bairro, produzindo o conteúdo. Mesmo assim, o trabalho não tinha um cunho assistencialista.



O ponto em comum de todos esses trabalhos é a política de educação, aprendizado e cidadania, sem fugir à integridade necessária à inclusão social da população, por meio da comunicação.





Por Pedro Neto



Foto: Aline Lemos

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O olhar da Psicologia sobre a comunicação


O Conselho Regional de Psicologia (CRP) está na IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, com um stand divulgando suas ações no campo da comunicação sob o olhar da psicologia. A intenção é expandir o diálogo sobre o tema, usando como incentivo e exemplo as experiências do CRP com a mídia. Além da mostra dos projetos que contam com a participação do Sistema de Conselhos (como é chamada a união dos Conselhos Regionais de Psicologia do Brasil), como a Campanha de Ética na TV - "Quem financia a baixaria é contra a cidadania", Classificação Indicativa da Programação de TV e Publicidade Infantil e de Bebidas Alcoólicas, está também sendo divulgada a mobilização pela convocação da Conferência Nacional de Comunicação.

"Estamos aproveitando esse espaço na IV Conferência para divulgar as ações do Sistema de Conselhos, relacionados aos temas mídia e Psicologia. Mas também estamos divulgando as atividades transversais, igualmente envolvidas com o tema, como Educação Inclusiva e Direitos Humanos.", afirmou Ednaldo Pereira psicólogo, representante do Conselho. Pereira também ressaltou a importância na mobilização pela convocação da Confeência Nacional de Comunicação. "Uma conferência de abrangência nacional é importante para unir e expandir de forma heterogênea as discussões sobre comunicação que hoje são feitas de forma segmentada, regionalmente, por exemplo." No stand do Conselho Regional de Psicologia foi deixada uma ata para o recolhimento de assinatura em favor da convocação.

Por Aline Lemos

Foto: Aline Lemos

Participação pública em debate

Ricardo Bigliazzi, representante do Observatório Constituição e Democracia da Universidade de Brasília, apresentou no GT III a pesquisa “A Memória do Direito à Comunicação". Durante sua fala, Bigliazzi fez questão de ressaltar que a sociedade é feita de comunicação. “O direito à comunicação não é o direito apenas às rádios comunitárias, à Internet, é bem mais amplo. Tanto que está se confundindo com o direito do cidadão”, frisou.

Em outro trabalho, Mariana Olívia, da entidade Fiocruz, de Pernambuco, debateu sobre a análise das práticas de comunicação na gestão municipal de saúde para o controle da dengue. O enfoque prioritário da pesquisa é a análise social dos discursos como um grande espaço de negociação, no qual as mensagens e bens simbólicos são produzidos, circulam e são consumidos. E ainda mostra a necessidade dos órgãos institucionais desenvolverem políticas de saúde baseadas na intercomunicação, isto é, que seja construída a partir da realidade local, e não de cima para baixo.

Por fim, a discussão sobre a legalidade da divulgação de bebidas alcoólicas nas rádios do Recife levantou dados interessantes. Patrícia Cunha, do Observatório de Mídia Regional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), revelou que das 28 emissoras de rádios FM estudadas, seis ( 62,39% da audiência) realizaram propaganda ilegal. Segundo a lei nº 9.294/96 da Constituição, é proibida a divulgação de bebidas alcoólicas com mais de 13º Gay Lussac nas rádios, das 6h às 21h. A pesquisa destaca a importância da participação da sociedade junto ao Ministério Público para efetivação de leis como essa.

Por Karla Vasconcelos e Manoela Moreira
Foto: Aline Lemos

Temas diversos com o mesmo foco: a comunicação cidadã




“Políticas de incentivo às mídias cidadãs em Vitória, Espírito Santo” e “Vozes da democracia – histórias da comunicação na redemocratização do Brasil” foram temas abordados na terceira reunião do terceiro Grupo de Trabalho (GT) da Conferência de Mídia Cidadã, na tarde de hoje, quinta-feira, 16. As apresentações aconteceram no mini-auditório 1 do Centro de Artes e Comunicação (CAC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O GT foi coordenado pela professora Nina Velasco.


Outros temas também movimentaram a tarde, como “A mensagem da classificação indicativa na língua brasileira de sinais nas vinhetas televisivas”, apresentado pela por Roberta Lage, do Ministério da Justiça do Distrito Federal. Ela discorreu sobre a importância da implementação de libras em produções televisivas. Para ela, essa comunicação por sinais, utilizada pelos deficientes auditivos, é tão importante quanto o closed caption – recurso, em sua maioria opcional, que exibe legenda de falas em programas e filmes.


Logo em seguida, a representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Clara Goldman, também da Capital Federal, falou sobre o impacto da mídia publicitária no comportamento das crianças. “Elas são bombardeadas de maneira excessiva por uma indústria que só visa o lucro, estimulando o consumo de produtos e serviços.” Goldman aproveitou o encontro para distribuir ao público a cartilha “Contribuição da Psicologia para o fim da publicidade dirigida à criação”, produzida pelo CFP.


O coordenador de comunicação comunitária de Vitória, Espírito Santo, Jacson José Segundo, também foi um dos participantes do terceiro Grupo de Trabalho, apresentando políticas de incentivo às mídias cidadãs vigentes na capital capixaba. “Os projetos da Coordenação de Comunicação Comunitária têm o objetivo de tornar a população mais crítica, para que as pessoas participem mais ativamente da vida pública”, explicou ele.



Ainda esteve presente no mini-auditório I do CAC o representante do Coletivo Intervozes – Coletivo de Comunicação Social de São Paulo, Iano Maia. O livro Vozes da Democracia – Histórias da Comunicação na Redemocratização do Brasil, produzido em colaboração com 32 repórteres, foi o tema do debate. A publicação, lançada em onze cidades e que está sendo vendida na Conferência por R$20, tem o objetivo de relatar histórias de resistência à ditadura militar.




Por Adriana Barros



Foto: Aline Lemos

Violência contra a mulher é tema de discussão


Duas produções distintas em sua autoria, mas convergentes na linha de abordagem. Assim podem ser definidas as pesquisas “Narrativa de novela para uma violência real” e “A violência como entretenimento: a mulher na televisão pernambucana”. O primeiro trabalho foi proposto pela mestranda Lillian Bento, da Universidade Federal de Goiás (UFGO). Partindo do relato de uma criança pobre, que foi torturada por uma empresária, Lillian analisa o discurso e a forma como a mídia trata os casos de violência contra a mulher. “Os incidentes mais absurdos são revestidos de um sensacionalismo sem precedentes, o que acaba violando o direito à mulher”, disse.
Na outra apresentação, a pernambucana Lúcia Helena Barbosa, da Universidade Federal de Pernambucano (UFPE), falou da agressão aos direitos da mulher por parte da televisão. Para isso, ela restringiu-se a pesquisar os dois programas policiais de maior audiência no Estado: Bronca Pesada e Ronda Geral. “A mulher sofre uma dupla agressão: a real e aquela pós-trauma, que é exposto pela mídia.”, observou. Para ela, “o movimento feminista de Pernambuco tem sido o principal responsável pela diminuição dessa violência, que já foi maior”.
Esse foi um dos temas debatidos no primeiro dia da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, que acontece até o próximo sábado, dia 18, no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco.


Por Edson Roccha

Foto: Aline Lemos

Coletivo Gambiarra Imagens participa da feira do Mídia Cidadã

O Coletivo Gambiarra Imagens, que desenvolve trabalhos na comunidade do Campina do Barreto, Zona Norte do Recife, também participa da feira. Os adolescentes fazem produções independentes, tudo voltado para a liberdade da comunicação. Eles editam, filmam, passam de VHS para DVD, alugam equipamentos e produzem curtas.

A finalidade é fazer com que as pessoas tenham acesso à imagem “Nós não fazemos o nosso trabalho só pelo dinheiro, mas queremos que as pessoas se envolvam na arte de comunicar”, relata o educador Adriano Lira. Quem quiser conhecer mais sobre o Coletivo Gambiarra Imagens é só acessar http://www.coletivogambiarraimagens.blogspot.com/ ou ligar para o telefone: (81) 8752-3188.

Por Karla Vasconcelos, Manoela Moreira e Rafael Negrão
Foto: Aline Lemos

Políticas específicas para Comunicação são debatidas em GTs


Em paralelo à primeira reunião dos Grupos de Trabalhos (GT 1), acontecia também o GT 2, onde foram apresentados sete trabalhos, entre projetos e artigos, igualmente vindos de diversos Estados, com temas relativos a Políticas Específicas para a Área de Comunicação. As apresentações do GT 2 foram coordenadas pelo professor Dr. Paulo Cunha, PPGCOM/UFPE.

Falando sobre Classificação Indicativa, o representante do Ministério da Justiça (DF), Davi Simões (FOTO), apontou a importância da classificação para a informação e educação. Ricardo Moretzsohn (MG) apresentou a campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, ligada à Comissão dos Direitos Humanos e à Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. Moretszohn frisou que o projeto não é censura, mas sim controle social. A iniciativa busca combater, na mídia, a apologia ao crime, discriminação e preconceito racial, sexual ou religioso, exploração sexual, o erotismo infantil, exploração de imagens de internos ou suspeitos, entre outros. A campanha já atingiu mais de 35 mil denúncias fundamentadas. Denúncias podem ser feitas pelo 0800 619 619 ou pelo site http://www.eticanatv.org.br/.

A professora da Universidade Católica de Pernambuco Ana Maria Veloso apresentou, ao lado do mestrando em Comunicação da UFPE Hainer Farias, projeto com tema Da “farra das concessões” à interdição das rádios comunitárias: o poder político e econômico dos mercadores do setor de rádio no Brasil. Representando o Intervozes, Ana Maria Straube (SP) falou do caso Direitos de Resposta e o controle público da mídia.




Por Maria Eugênia Bispo

Foto: Aline Lemos

Feira Nacional de Mídia Cidadã proporciona experiências em comunicação

A novidade da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã é a Feira Nacional de Mídia Cidadã. A idéia é que a feira proporcione um espaço democrático para o intercâmbio de experiências em comunicação através da divulgação de projetos de Organizações não-governamentais e movimentos sociais. No espaço, trabalhos de 15 organizações.

Para fortalecer essa troca de experiência a ONG Auçuba (FOTO) expõe seus projetos que há mais de 18 anos contribuem para a promover e defender os direitos das crianças e adolescentes através da comunicação. Uma das ações desenvolvidas é o projeto Oi Kabum que desenvolve a formação de jovens em linguagem multimídia com foco no mercado profissional estimulando a inclusão social e exercício da cidadania.

Já os alunos do projeto Núcleo de Comunicação Comunitária (NCC) têm o objetivo de mostrar uma outra realidade das comunidades do Recife através de atividades em rádio, impresso e vídeo. Com informações específicas dos bairros, os trabalhos produzidos são veiculados posteriormente em espaços públicos através do circuito cultural.

A Auçuba, parceira da rede ANDI Brasil, também desenvolveu o programa Só Para Fazer Mídia (SPFM) buscando ampliar e qualificar a produção midiática sobre os direitos da criança e do adolescente. Através do acompanhamento das notícias divulgadas e sugestões de pauta, o SPFM atua no fortalecimento de um diálogo com jornalistas e a sociedade civil. “ Nossa ação é propositiva para dar subsídio para que os jornalístias façam uma cobertura qualitativa”, explicou Mariana Moreira, jornalista do projeto.

Participam da Feira Nacional de Mídia Cidadã os alunos do 8° período da Faculdade Maurício de Nassau, que desenvolveram o site http://www.boivoador.com/. A idéia surgiu em 2005 na displicina de informática. Na ocasião, os alunos resolveram criar uma ferramenta para democratização dos meios de comunicação. O site foi escolhido por ser um espaço de diálogo, além de ser um meio de divulgar informações do dia-a-dia das pessoas.

“Criamos o boivoador porque acreditamos que é uma ferramenta de fácil acesso e qualquer pessoa pode participar efetivamente na construção da notícia”, afirmou aluna Marcela Horonata, uma das idealizadoras. Atualmente, o site tem mais de 10 mil visitantes e os internautas podem colaborar com notas, entrevistas, resenhas, textos opinativos, artigos, matérias, reportagens, fotos e charges.

Por Karla Vasconcelos, Manoela Moreira e Rafael Negrão
Foto: Aline Lemos

Conferência traz trabalhos de diversas partes do país

A primeira reunião dos Grupos de Trabalhos (GT I), realizada durante a IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, possibilitou um intercâmbio de conhecimentos através da apresentação de oito projetos vindos de diversas partes do país, como Ceará, Santa Catarina, Pernambuco e Piauí. O evento aconteceu nesta terça (16), no mini-auditório do Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A professora da Universidade Metodista do Rio de Janeiro Cecília Peruzzo iniciou as apresentações mostrando, pela primeira vez, o projeto Curso de Extensão na Rádio Comunitária Heliópolis, realizado entre novembro de 2007 e maio de 2008, no Rio de Janeiro. “O programa não só ensinou jornalismo, mas também a importância da leitura e a crítica aos meios de comunicação”, disse Peruzzo.

Ainda segundo a professora, o projeto “difunde a idéia de que as universidades podem estar contribuindo para a formação dos profissionais de rádio comunitária.” O curso, concluído por 16 alunos, teve o apoio do Projeto Redigir (ECA- USP) e da União de Núcleo Associações e Sociedades de Heliópolis e São João Clímaco (Unas – SP).

O tema rádio comunitária também foi discutido na apresentação da representante da Universidade Regional de Blumenal de Santa Catarina, Letícia de Melo. Rádio Comunitária Regional: Perfil da Rádio Ponte FM em Indaial (SC) foi o título do projeto. Ela explicou como funciona a programação, além de ter mostrado um breve histórico sobre as rádios comunitárias. “Apesar da predominância da programação musical, a Rádio Ponte FM tem um comprometimento com o público, o locutor é um mobilizador”, comentou Letícia.

Pernambuco teve dois representantes, entre eles, o projeto Rádio Mulher: uma estratégia Política Feminista em comunicação, apresentado por Hainer de Farias e Flávia Lucena. A Rádio, uma ação do Centro das Mulheres do Cabo (CMC) - movimento feminista criado em 1984 -, tem o objetivo de promover a inclusão social. Após a apresentação de todos os trabalhos houve o momento para debates.


Por Adriana Barros e Vanessa Beltrão
Foto: Aline Lemos

Armand Mattelart e Michélle Mattelart participaram da abertura

A abertura da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã também contou com os pesquisadores Armand Mattelart e Michélle Mattelart que enfatizaram a importância de iniciativas como a do evento como um passo fundamental para a democratização da comunicação na América Latina.

"O evento é um grande passo para que essa discussão saia de uma minoria para um grupo mais amplo. É importante a tomada de consciência da necessidade de organização dessas mídia, como rádios e tvs comunitárias", disse Armand Mattelart. Belga radicado na França, Mattelart tem livros publicados em vários países, como o Brasil. Entre eles, A ideologia da imprensa liberal, Cadernos da Realidade Nacional, Comunicação em massa e revolução socialista, A ideologia da dominação em uma sociedade dependente e Para ler ao Pato Donald.

Michèlle tem uma intensa produção acadêmica sobre o tema "Mulheres e Indústrias Culturais". Ela analisa a posição das mulheres nos meios de comunicação e a ação do movimento feminista nesse campo.

Por Natália Freire, Willey Melo e Thayse Freitas
Foto: Aline Lemos

Aberta a IV Conferência de Mídia Cidadã


A IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã foi aberta nesta quinta-feira (16) pelo coordenador do Observatório da Mídia Regional, Edgard Rebouças. O principal objetivo é discutir a democratização da mídia. O evento ocorre até sábado (18), no Centro de Artes e Comunicação (CAC) da Universidade Federal de Pernambuco.

Edgard Rebouças discursou sobre a importância do diálogo entre academia e sociedade para o acesso à comunicação. “Eventos como esse abrem espaço para o debate acerca dos questionamentos que envolvem a participação pública na mídia”, diz o coordenador. Em consonância com o discurso de Rebouças, a representante da Cátedra Unesco/Umesp, Cicília Peruzzo ressaltou a importância de debater o painel central da cidadania na grande mídia. “Em 2005, na primeira edição da conferência, foi feito um mapeamento da situação da mídia no país, a Carta São Bernardo. Esse trabalho tinha como proposta reafirmar o princípio da comunicação, por meio do acesso e socialização do conhecimento”. A pesquisadora também lembrou a importância de descentralizar as experiências acerca do processo comunicacional por meio da regionalização do evento.

Pela primeira vez a capital pernambucana recebe o evento que conta com a participação de pesquisadores da área de comunicação. As edições anteriores ocorreram na Universidade Metodista de São Paulo. A IV conferência é uma articulação entre a Cátedra Unesco/Umesp e o Observatório da Mídia Regional. “A gente precisa interelacionar os saberes científicos com a sociedade. Na perspectiva de um país de grandes desigualdades, o pensamento acadêmico contribui para a elaboração de ações que integrem as políticas de Estado, nesse caso, direcionadas à mídia, com os cidadãos”, comenta a representante da Pró-reitoria de Extensão da UFPE, Solange Coutinho.

A programação continua durante todo o dia com apresentação de trabalhos de movimentos sociais, estudantes, palestras, e grupos de discussão. Os horários e locais podem ser conferidos no www.ufpe.br/observatorio.

Por Natália Freire, Willey Melo e Thayse Freitas

Fotos: Aline Lemos



terça-feira, 14 de outubro de 2008

Greve dos bancos - Inscrições no local

Devido à greve dos bancos, a organização da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã informa que as incrições poderão ser efetuadas no momento do credenciamento, na manhã da próxima quinta-feira, no hall do Centro de Artes e Comunicação da UFPE.
Os valores são de R$ 45,00 para estudantes de graduação e R$ 90,00 para profissionais, pesquisadores e militantes.
A programação completa do evento poderá ser consultada no site www.ufpe.br/observatorio/midiacidada2008 .

Michèle Mattelart e Cicilia Peruzzo em roda de diálogo nesta quarta (15)


Na próxima quarta-feira (15/10), a pesquisadora francesa Michèle Mattelart e a doutora em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), Cicilia Peruzzo, participam de roda de diálogo no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (SINDSEP), situado à Rua Fernandes Vieira (nas proximidades da Igreja da Soledade) a partir das 18h30.

Michèle tem uma intensa produção acadêmica sobre o tema "Mulheres e Indústrias Culturais". Ela analisa a posição das mulheres nos meios de comunicação e a ação do movimento feminista nesse campo. A promoção é do Centro das Mulheres do Cabo, Observatório de Mídia Regional e Fórum de Mulheres de Pernambuco. O apoio é do SOS Corpo e do SINDSEP.

domingo, 12 de outubro de 2008

Presenças confirmadas





Armand Mattelart






John Downing








José Marques de Melo






Cicilia Peruzzo

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã vai reunir pesquisadores nacionais e internacionais no Recife

Por Patrícia Paixão

A IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, que será realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre os dias 16 e 18 de outubro próximo, vai trazer para o estado pesquisadores nacionais e internacionais e integrantes de organizações não-governamentais e movimentos sociais de todo o Brasil. Para debates e palestras em torno do tema Pesquisas acadêmicas e experiências da sociedade civil, mercado e Estado na efetivação do direito humano à comunicação” já estão confirmadas as presenças de Armand Mattellart (França) e John Downing (Estados Unidos). Do Brasil, entre vários nomes de destaque, a Conferência contará com a participação de José Marques de Melo e Cicilia Peruzzo.

Cerca de 70 trabalhos já foram aprovados para as sessões de apresentação de Comunicações Científicas e Relatos de Experiências. O encontro é promovido pela Cátedra UNESCO/Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e pelo Observatório da Mídia Regional: direitos humanos, políticas e sistemas - grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE, cujo objetivo é realizar um acompanhamento sistemático da produção midiática na região Nordeste do Brasil, com foco no respeito, promoção e proteção dos direitos humanos. Esta edição da Conferência e ntrará também no calendário das comemorações dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

De acordo com um dos coordenadores do Mídia Cidadã, Edgard Rebouças, o encontro visa a contribuir para superar o distanciamento histórico entre o discurso científico da academia e o discurso político das experiências empíricas realizadas na área da comunicação pela sociedade civil e pelas empresas do setor. “A idéia é mostrar a relação entre esses discursos e saberes, porque cada um tem um pouco do outro e juntos são capazes de realmente promover a transformação da realidade”, enfatizou ele, ressaltando que é a primeira vez que o Mídia Cidadã é realizado fora do Sudeste do país. “Esse aspecto é de suma importância, porque promove a capilarização da iniciativa para todo o território nacional”, destacou Rebouças. A conferência de 2009 está programada para ocorrer no Paraná.

A IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã conta com o apoio do Ministério Público do Estado de Pernambuco, da Sinos (Organização para o Desenvolvimento da Comunicação Social), do Centro de Cultura Luiz Freire, do Conselho Regional de Psicologia (CRP-PE), da Faculdade Marista do Recife, do Centro das Mulheres do Cabo, do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Pernambuco, do Sindicato dos Telefônicos de Pernambuco e da Auçuba.

Feira - Uma das novidades desta quarta edição do Mídia Cidadã é a realização da I Feira Nacional de Mídia Cidadã , espaço para as organizações não-governamentais , movimentos sociais, empresas e pesquisadores apresentarem suas experiências e serviços de comunicação cidadã, expostos no hall do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, durante todo o evento. De acordo com uma das organizadoras da Conferência, a mestre em Comunicação, Aline Lucena, a idéia é fomentar o intercâmbio de saberes, para que experiências exitosas em comunicação possam ser discutidas e replicadas. “A Feira será, acima de tudo, um espaço democrático de diálogo”, frisou.

Inscrições – Para os interessados em participar da IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã, as informações sobre inscrições podem ser acessadas pelo site www.ufpe.br/observatorio . Há valores diferenciados para estudantes de graduação e para inscrições antecipadas.

UM POUCO DO HISTÓRICO

As conferências brasileiras de Mídia Cidadã são uma iniciativa da Cátedra Unesco/Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento Regional que visam reunir pesquisadores, militantes dos movimentos sociais, estudantes de comunicação, jornalistas, comunicadores comunitários e demais representantes da sociedade civil para dialogarem sobre o papel dos meios de comunicação na promoção dos direitos humanos; a participação das diversidades como sujeitos ativos no espaço midiático; o reconhecimento e a efetivação da comunicação como direito humano; ou seja uma ação indispensável para a concretização de uma sociedade que supere a democracia representativa e construa as bases de uma democracia participativa.

As conferências de Mídia Cidadã vêm, portanto, preenchendo uma lacuna existente no campo acadêmico brasileiro, relativa à pesquisa com enfoque na participação da sociedade nos meios de comunicação, como objeto da informação e/ou detentora dos meios de produção e disseminação de conteúdos midiáticos, além de provocar o debate sobre a necessidade de se analisar o fenômeno da mídia cidadã com as mais diversas representações da sociedade civil (Universidades, movimentos sociais e organizações não-governamentais).

Maiores informações pelo site www.ufpe.br/observatorio .